Doentes depressivos “aviam” receitas na biblioteca

No Reino Unido, a prescrição de livros em vez de fármacos para tratar a depressão está a tornar-se cada vez mais comum. Além de “low-cost”, o método, já conhecido como “biblioterapia”, não acarreta efeitos secundários. De acordo com alguns especialistas, além de fomentar a empatia, a leitura pode ajudar os pacientes a superar as suas fragilidades emocionais.

O método, chamado de “Books on Prescription”, já começou a ser utilizado pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS). Segundo uma investigadora e professora da Universidade de Harvard, se um psicólogo ou psiquiatra diagnostica um paciente com depressão leve ou moderada, uma das opções é passar-lhe uma receita com um dos livros aconselhados. E sendo uma prescrição — e não apenas uma recomendação — há que seguir as indicações do médico rigorosamente, depois de “aviar” a receita na biblioteca.

Os livros são selecionados com base no conteúdo e no âmbito de programas de leitura definidos para facilitar a recuperação de pacientes que sofram de doenças mentais ou distúrbios emocionais e esta parece ser uma solução vantajosa e “low-cost”, já que os livros acabam por sair mais baratos do que os fármacos, ou até a custo zero, no caso das requisições.

Ler melhora a saúde mental e este programa tem cativado cada vez mais adeptos. Ainda que não existam, para já, números oficiais sobre a sua verdadeira eficácia, só nos primeiros três meses de existência do programa, terão sido feitas mais de 100 mil requisições dos livros recomendados.

A “biblioterapia” foi desenvolvida com base numa investigação do psiquiatra Neil Frude, em 2003, que concluía precisamente que os livros tinham potencial para se assumir como substitutos dos antidepressivos. Ao acompanhar o percurso dos seus pacientes, Frude rapidamente percebeu que estes compensavam a frustração da espera pelos primeiros efeitos dos fármacos — que podia durar anos — com a leitura, como forma de entretenimento.

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