Como tornar as revisões de texto eficientes?

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Tendo em conta as capacidades linguísticas dos tradutores profissionais, é comum pensar-se que  estão automaticamente habilitados a fazer a revisão dos textos em que trabalham. Na verdade, há que ter em conta que um tradutor pode não ser capaz de detetar todos os seus próprios erros, mesmo que leia e releia o texto diversas vezes. Porque é que isto acontece?

Em 2014, num artigo da revista de tecnologia e ciência Wired, o psicólogo britânico Tom Stafford avançou uma explicação para este fenómeno: “não captamos todos os detalhes, não somos computadores (…) Em vez disso, pegamos em informações sensoriais e combinamo-las com as nossas expectativas e daí extraímos significado.” Por outras palavras, como diz Nick Stockton, autor da reportagem, “a razão pela qual não nos damos conta das nossas próprias gralhas é porque o que vemos no ecrã está a competir com a versão que existe nas nossas cabeças”.

Como atacar este problema? A solução mais óbvia – e mais utilizada – é na verdade bastante simples: trabalhar em equipa, recorrer a um segundo “par de olhos” que aborde o trabalho de outra forma. Ao trabalhar em colaboração com uma empresa de serviços de tradução,  poderá ter a ajuda de outros profissionais que ajudarão a verificar o trabalho final. Tendo em conta a nossa dificuldade natural em concentrarmo-nos em todos os detalhes, esta é a forma mais ideal de garantir uma revisão eficiente de uma tradução.

No entanto, pode deparar-se com situações em que isso não é possível – por exemplo, em projetos com prazos curtos pode não haver possibilidade de ter essa ajuda preciosa de colegas. Para estes casos, sugerimos algumas estratégias para tentar tornar a sua tradução tão “limpa” quanto possível. Note que, independentemente de ter ou não a colaboração de um(a) colega revisor(a), deve sempre tentar produzir um trabalho final o mais livre de erros possível e ler e rever o texto final pelo menos uma vez!

1. Fazer uma pausa
Ao terminar uma tradução, não é aconselhável começar logo a rever – após horas de trabalho, a sua atenção não estará suficientemente focada e poderá não ter concentração suficiente para olhar para o texto de uma forma nova ou a partir de outra perspetiva. Deixe passar alguns minutos, faça um intervalo para uma refeição, se possível, e volte a olhar para o texto com novos olhos.

2. Não confiar cegamente nos corretores ortográficos
Os verificadores ortográficos e as funções de correção automática dos processadores de texto e programas de tradução automática só permitem detetar gralhas – não contextualizam estes erros em termos semânticos ou de gramática e não lhe permitem descobrir se está a usar uma palavra ou expressão errada. Apesar de estas ferramentas serem úteis para corrigir erros isolados que surgem por distração ou quando escrevemos depressa, a sua utilização é apenas a “ponta do iceberg” no processo de revisão.

3. Localizar e substituir – usar com cuidado!
Seja como for, apesar de sabermos que o computador não fará todo o trabalho por nós, é preciso não esquecer que as funções de “localizar e substituir” em processadores de texto e ferramentas de CAT (software de tradução automática) são uma forma eficaz de corrigir automaticamente grandes quantidades de pequenos erros repetidos (por exemplo, acentos em falta ou gralhas em nomes e designações fixas). Ao detetar o erro e confirmar que a palavra a utilizar é a indicada para qualquer contexto dentro do documento, a substituição automática permite poupar tempo e concentrar a atenção nos erros mais estruturais.

4. Ler em voz alta ou usar text-to-speech
Muitas vezes, as frases resultantes de uma tradução não fluem de uma forma natural para um falante nativo da língua-alvo – isto pode dever-se a expressões idiomáticas ou terminologia técnica sem tradução direta, fatores que podem tornar o texto “desajeitado” e pouco natural. Por isso, uma das formas de fazer uma revisão eficiente é a leitura em voz alta – ou em alternativa, a utilização de software text-to-speech que converta o texto numa voz sintetizada / simulada; programas de edição de texto como o Microsoft Word possuem este tipo de funções.
Erros de estilo e estrutura não detetados anteriormente ficarão evidentes assim que os ouvir em voz alta (natural ou artificial!).

5. Ler o documento num formato diferente
O computador é hoje em dia a ferramenta mais comum para o trabalho de tradução. No entanto, a leitura do documento num formato diferente pode ajudar a descobrir erros de forma inesperada. Comece por alterar tamanho e a fonte do documento, marque algumas passagens com cores ou, se puder ir ainda mais fundo, imprima uma cópia em papel.
Esta alteração aparentemente estética ou superficial de suporte muitas vezes ajuda a ter outra perspetiva sobre o trabalho!