Como escrever textos de raiz que facilitem a tradução
Para criar conteúdo que possa ser facilmente traduzido, o texto deve ser o mais claro e direto possível. Esta regra de ouro deve aplicar-se independentemente de a tradução profissional ser realizada "manualmente" por tradutores humanos ou recorrer à tradução automática e pós-edição.
Existem várias estratégias que nos podem ajudar a escrever um texto que possa ser facilmente traduzido para outras línguas, simplificando o processo e garantindo que o(s) tradutor(es) consegue(m) chegar mais rapidamente a um bom resultado:
1 Escrever frases simples e curtas, mantendo a estrutura "básica" de sujeito, verbo e complemento – as frases curtas são mais simples de interpretar e de encadear num texto coeso. Além disso, as ferramentas de tradução automática lidam melhor com este tipo de conteúdo, o que pode simplificar ainda mais o trabalho do tradutor.
2 Utilizar corretamente a pontuação – o contexto pode ajudar-nos a perceber o significado de uma frase, mas muitas vezes não é suficiente. Uma simples vírgula fora do sítio pode alterar por completo o significado de uma frase – escrever "Não quero saber" ou "Não, quero saber" é totalmente diferente!
3 Evitar erros ortográficos – pode parecer óbvio, mas as gralhas e os erros de ortografia acontecem com mais facilidade do que poderíamos pensar. E, tal como na pontuação, podem ser responsáveis por alterações graves no significado e interpretação do texto!
4 Recorrer à voz ativa – A voz ativa é mais fácil de traduzir e interpretar do que a voz passiva. Além disso, as frases escritas em voz ativa são mais curtas, o que faz com que o texto final seja mais acessível. A título de exemplo:
"O engenheiro completou o projeto a tempo" (voz ativa)
"O projeto foi completado a tempo pelo engenheiro" (voz passiva)
5 Evitar gíria e expressões idiomáticas – a não ser que exista uma necessidade criativa que o justifique, há que evitar palavras ou expressões que remetem para referências culturais específicas da língua de origem. É muito difícil transpor expressões idiomáticas, ditados populares e frases feitas para outras línguas, já que na maioria dos casos não têm tradução direta possível e dificultam a compreensão e tradução do texto.
6 Minimizar o uso de abreviaturas e acrónimos – devem ser utilizados apenas quando estritamente necessário e quando o seu significado é óbvio ou pelo menos facilmente ou diretamente traduzível.
7 Rever o texto final – nunca é demais lembrar que o trabalho final deve ser revisto, se possível mais do que uma vez e recorrendo a uma opinião de outra pessoa, de forma a captar erros que não são imediatamente visíveis. No processo de revisão é comum encontrar vários dos erros e má utilização de recursos linguísticos referidos nos pontos anteriores. A revisão também pode incluir a apresentação visual, formatação do texto e o suporte utilizado (formato de ficheiro ou documento)
Quantos mais erros e ambiguidades existirem no texto, mais tempo levará o profissional que realiza a tradução ou pós-edição a interpretar e a corrigir o documento, fazendo derrapar prazos e custos. Se considerarmos estas estratégias e indicações ao criar o conteúdo, estaremos a facilitar o serviço de tradução de textos – o tradutor poderá dedicar o seu tempo a produzir um texto final de qualidade que satisfaça o cliente.