7 conselhos para traduzir livros

tradução literária

Traduzir um livro não é muito diferente de escrever um livro. Independentemente do tema ou tipo de texto – uma tese académica, uma obra científica ou um romance de ficção – a exigência relativamente à tradução técnica de documentos, artigos e textos de formatos mais “utilitários” é diferente: há que manter não só a estrutura e o significado como também o estilo e o tom. Isto significa que não basta aos tradutores profissionais serem fluentes nas línguas relevantes: devem também escrever muito bem e possuir a criatividade que se exige para tornar um livro compatível não só com outro idioma, mas também com outra cultura.
Para ajudar a enfrentar o desafio de traduzir uma obra literária, tese académica ou científica ou ainda qualquer outro trabalho de profundidade e grande extensão em que seja indispensável transmitir a voz do(a) autor(a), deixamos aqui alguns conselhos:

1. Leia!
Quer traduzir livros profissionalmente? Leia. E leia muito, sobre os mais variados assuntos, independentemente da sua especialização (tradução literária, científica, jurídica, etc.). Isto irá desenvolver as suas capacidades linguísticas e prepará-lo(a) para trabalhar numa grande variedade de temas e diferentes abordagens de escrita.

2. Desenvolva a sua voz criativa.
Pratique a escrita no seu próprio idioma. Escreva um diário ou um blogue sobre temas relevantes para o seu trabalho ou qualquer outra área de interesse e mantenha a regularidade dessa prática. Torne-se mestre na sua língua nativa antes de tentar dominar as outras línguas que já conhece.

3.  Estabeleça objetivos e organize-se.
Traduzir uma obra de grande extensão, com centenas de páginas, vários capítulos, bibliografia e abordando assuntos complexos pode parecer uma tarefa demasiado gigantesca face a um prazo apertado. Lembre-se que, sempre que possível, é preferível a qualidade à quantidade: estabeleça objetivos diários e faça por os cumprir.

4. Faça o seu trabalho de casa!
Na maior parte dos casos, ao pegar num livro, deve ter sempre em conta que o(a) autor(a) já terá outras obras publicadas. Estude-as a fundo para conhecer os assuntos abordados pelo(a) autor(a), bem como o seu estilo, tom e forma de organizar o texto. Além disso, deve familiarizar-se com a cultura própria do(a) autor(a), principalmente se estiver a traduzir uma obra literária ou de cariz mais pessoal.

5. Substitua.
Muitas palavras e expressões no idioma de partida não terão equivalente direto (ou mesmo indireto) na língua ou cultura de chegada. Isto implica muitas vezes o uso da substituição linguística, ou seja, reconstrução de uma palavra ou expressão idiomática com outras palavras e expressões da língua-alvo de forma a reproduzir o significado e a intenção do autor.

6. Comprima.
Pode deparar-se com uma situação em que a frase traduzida se tornou demasiado extensa e problemática a nível de estilo e mesmo gramatical – isto é comum em certos pares de línguas, sucedendo, por exemplo, na tradução do português para o inglês (uma língua mais concisa que utiliza frases e orações geralmente menos extensas). Isto exige o domínio da técnica da compressão, em que se retiram deliberadamente algumas informações, palavras ou passagens no processo de tradução, de forma a que a frase faça sentido no idioma de destino –  sem perder não só o significado como também o tom e estilo originais (fatores que não têm tanta relevância numa tradução “puramente” técnica).

7. Tome decisões difíceis.
Acrescente expressões e trocadilhos sempre que não exista equivalência na língua de chegada, domine o maior número possível de sinónimos e soluções de escrita. Mas lembre-se que, por vezes há que deixar o texto original “em paz” e assumir que certas palavras e expressões devem ser traduzidas de forma direta… ou simplesmente não ser traduzidas, possivelmente acompanhando-as de notas explicativas, se necessário. São decisões que terá que aprender a tomar ao traduzir uma obra, principalmente em áreas como a ficção, poesia, filosofia, medicina ou ciências.